Oi, gente! Bom tópico para discussão 
Aqui no RS, que eu saiba, são poucas as universidades que oferecem uma disciplina exclusiva de jornalismo guiado por dados, ainda que várias instituições tenham interesse em implementar. Pela minha experiência, o tópico geralmente é contemplado com aulas pontuais em disciplinas de jornalismo digital (eu mesma já participei de várias), jornalismo investigativo ou mesmo jornalismo científico, como já fizemos na UFRGS (fiz estágio docente com o Träsel; atualmente, pelo que sei, ele incluiu #ddj em alguma das várias disciplinas de Ciberjornalismo). Também acontece de a demanda ser suprida por meio de cursos de extensão, mas confesso que, ao menos no interior do RS, onde ofereci aulas, a aderência dos alunos têm sido baixa. Muitos estudantes me procuram para saber como se aproximar do jornalismo de dados, mas acho que o receio de fazer cálculos (como bem disse a @Thays, rola um medo inicial com relação às planilhas) e a falta de grana, no caso dos cursos pagos, são um obstáculo.
Quando sou convidada para ministrar alguma aula de jornalismo de dados, geralmente passo pela parte teórica (incluindo jornalismo de precisão, RAC, e a bibliografia mais recente de #ddj) e termino com exercícios. Uma das bibliografias que costumo utilizar para estimular a elaboração de hipóteses como ponto de partida é o livro “A investigação a partir de histórias”, do Mark Lee Hunter. Conversa muito com o que preconiza o Philip Meyer em termos de hipótese e método de apuração. No mais, procuro oferecer exercícios de fácil solução (mas que demandam raciocínio lógico dos alunos) em um primeiro momento. Muitos deles se sentem frustrados quando não conseguem resolver tarefas simples, e tendem a desistir antes mesmo de chegar aos temas mais complexos. É importante que o professor tenha essa sensibilidade e ajude os estudantes - um passo de cada vez.
Destaco, ainda, um texto bastante útil para pensar a preparação das aulas para diferentes níveis (jornalistas graduados ou estudantes de jornalismo, neste caso específico): “Teaching data journalism”, da Bahareh Heravi. Ela diz que é preciso considerar as diferenças entre esses dois públicos. Exemplo: um jornalista graduado está acostumado a identificar e consultar fontes, mas um graduando ainda não conhece essa dinâmica e os pressupostos da profissão. Em algumas oficinas que ministrei, os alunos tiveram grandes dificuldades de identificar que fontes seriam úteis para obter determinada informação. Via de regra (especialmente os que ainda não passaram por estágio ou outra atividade) não sabem por onde começar a busca pelas informações.
Não sei bem como seria a inclusão de uma disciplina de jornalismo de dados no ensino médio. Talvez mais útil do que isso seja falar de estatística básica, algumas competências necessárias para análise crítica, e depois, sim, mostrar como isso se viabiliza no produto (notícias). Falar sobre jornalismo de dados implicaria falar sobre jornalismo, em um primeiro momento, e dar conta de suas teorias e complexidades. Já dei aula para alunos do ensino médio em um projeto chamado “análise crítica da mídia”, em que mostramos, em linhas gerais, como funciona o jornalismo e como as decisões são tomadas até as notícias serem publicadas.
Espero ter contribuído com a discussão. 
Deixo meu e-mail à disposição caso alguém queira conversar sobre: [email protected]